Quatro em cada dez remédios podem ter base em ensaios clínicos com limitações como amostras pequenas ou falhas metodológicas
Entre quase duas centenas de remédios disponíveis em farmácias para serem adquiridos sem necessidade de prescrição médica, cerca de 55% possuem força de recomendação fraca – ou seja, o balanço entre riscos e benefícios não é óbvio e deve ser analisado caso a caso.
Além disso, 67% desses medicamentos não podem ser ministrados para crianças menores de 6 anos. Os achados são de cientistas da Universidade de Brasília (UnB) e estão publicadas em artigo na revista científica “Saúde em Debate” nesta quinta (31).
De maneira geral, 61% dos medicamentos foram classificados com evidência alta ou moderada –ou seja, a segurança e a eficácia foram atestadas por ensaios clínicos bem conduzidos ou com limitações leves. Já 39% foram considerados de evidência baixa, muito baixa ou sem evidência, o que significa que podem ter base em ensaios clínicos com limitações como, por exemplo, pequeno número de pacientes e falhas metodológicas que causam interpretação incorreta das evidências.
Cerca de 95% dos remédios não possuem informações confiáveis de segurança para gestantes e 87% não possuem informações sobre o uso durante a lactação.
Os medicamentos isentos de prescrição são classificados dessa forma pela Instrução Normativa n° 120 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2022.
Os pesquisadores verificaram perfil farmacológico e de uso dos medicamentos, além de avaliar as seguintes características: a força de recomendação –sendo a recomendação forte aquela em que a maioria dos pacientes estão aptos a receber o tratamento recomendado, enquanto a fraca diz respeito a decisões que devem ser individualizadas diante dos riscos–, o nível de evidência e o grau de risco para populações específicas –como o dano fetal para grávidas. Ao todo, são 188 fármacos em 376 apresentações, como comprimidos e xaropes.
Entre 112 fármacos classificados para uso durante a gravidez, 55% apresentaram evidências de que podem trazer algum risco ao feto. Quatro em cada dez não possuem evidência de segurança durante a gestação e apenas 3% dos analisados foram considerados, de fato, seguros para uso na gravidez. Apenas cinco medicamentos oferecem risco fetal mínimo.
Outro problema observado pelos pesquisadores é o uso pediátrico dessas drogas. “Muitos são utilizados por crianças, mas muitas pesquisas apresentam barreiras de dilema ético, nas quais as evidências de eficácia e segurança são baseadas em pesquisas que envolvem adultos, e adaptam esses resultados, como ajuste de dose de acordo com o peso”, afirma a pesquisadora da UnB Nara Laismann, autora principal do estudo.
Entre os medicamentos mais populares nas farmácias, o paracetamol é um dos que mais chamou atenção dos pesquisadores. “Muitas pessoas fazem uso indiscriminado dele, o que pode causar riscos de toxicidade”, alerta a cientista.
Durante a pesquisa, Laismann e seus colegas encontraram estudos com casos de pacientes admitidos em hospitais após reações adversas causadas por medicamentos isentos de prescrição.
Para ela, é importante que a pesquisa conscientize sobre a prática da saúde baseada em evidências, especialmente entre profissionais da área farmacêutica.
“São profissionais de saúde muito capacitados e que podem promover o autocuidado apoiado, ajudando o paciente na automedicação guiada”, diz a pesquisadora. “A automedicação é uma prática comum, mas que pode ser perigosa e trazer vários problemas pois pode mascarar doenças, trazer algum potencial de interação medicamentosa ou, até mesmo, aquele medicamento pode não ser o melhor para o paciente que o utiliza”, finaliza.
Leia artigo do químico Brenno A. D. Neto, professor da UnB
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