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Especialistas apelam por metas climáticas nacionais de alta ambição a fim de cumprir Acordo de Paris

Países membros da ONU devem submeter suas novas metas climáticas para os próximos dez anos (2025-20235) até fevereiro


Agência Bori | 12/11/2024 | 05:00


Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% em 2035, na comparação com os níveis de 2005 | Foto: Secom Pará/Fotos Públicas

As metas climáticas atuais dos países membros da ONU não atingem o nível de ambição necessário para o cumprimento do Acordo de Paris, deixando o mundo a caminho de um aumento de temperatura muito acima do limite de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

Diante da necessidade urgente de intensificar a ação climática, as metas nacionais atualizadas para a próxima década (2025-2035), a serem entregues pelas nações até fevereiro, devem ser mais ambiciosas e cientificamente rigorosas.

O alerta está no relatório publicado nesta terça (12) pelo Grupo de Consultoria sobre a Crise Climática (CCAG), que divulgou princípios orientadores para a elaboração dos objetivos.

De acordo com o documento, as metas atuais dos países — chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — colocam os objetivos do Acordo de Paris fora de alcance, gerando uma projeção de aquecimento superior a 3°C até 2100. Esse nível de aquecimento global representa uma ameaça grave à vida na Terra.

No relatório, os especialistas estabelecem critérios mínimos que cada país deve cumprir ao atualizar suas NDCs, a fim de garantir um futuro mais seguro para a humanidade.

“As NDCs de Alta Ambição devem refletir cotas justas, com os países desenvolvidos assumindo maior responsabilidade por meio de cortes mais profundos e um aumento no apoio a nações em desenvolvimento”, diz Mercedes Bustamante, membro do CCAG e professora da Universidade de Brasília (UnB). “ Estamos à beira de mudanças irreversíveis, mas também diante de uma oportunidade sem precedentes para redefinir nossa abordagem à ação climática”.

“Acelerar a resposta global à crise climática é uma escolha política que devemos fazer agora. Temos as soluções ao nosso alcance, mas o progresso é constantemente obstruído pela indústria de combustíveis fósseis. As próximas NDCs vão definir o rumo para os próximos cinco anos; os últimos cinco ficaram muito aquém do necessário”, afirma David King, presidente do CCAG.

O Brasil se antecipou e apresentou na última sexta (8) a nova meta climática do país para os próximos dez anos, se comprometendo a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% em 2035, na comparação com os níveis de 2005.

O anúncio foi feito às vésperas da 29ª Conferência do Clima da ONU (COP29), em Baku, no Azerbaijão, que teve início nesta segunda (11). O Brasil será anfitrião da próxima COP, que acontecerá no país em 2025, em Belém (PA). ⁠

Princípios orientadores do CCAG para NDCs de Alta Ambição:

Entrega equitativa: Devem priorizar a equidade em todos os níveis, protegendo as comunidades mais vulneráveis e assegurando que os benefícios da transição energética sejam amplamente compartilhados.

Implementação eficaz: Devem incluir planos detalhados sobre como transformar as promessas em ações concretas, além de abordar medidas de adaptação e estratégias para lidar com as perdas e danos causados pela mudança climática.

Financiamento climático: O financiamento climático deve ser um compromisso central, para que os recursos cheguem aonde são mais necessários, com mecanismos claros para redirecionar o financiamento público e privado para soluções climáticas.

Soluções práticas: O CCAG aponta que há ferramentas e tecnologias para combater as mudanças climáticas já disponíveis, e recomenda que as NDCs priorizem essas oportunidades imediatas de ação, ao mesmo tempo em que incentivem a inovação contínua e a escalabilidade das soluções em todos os setores.


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