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Cientistas levam mais de 20 anos até encontrar macho de besouro da espécie Cryptolestes obesus

Espécie havia sido descrita com base em um único espécime, fêmea, em 2002; só agora o macho é identificado por pesquisadores do Inpa


Agência Bori | 27/03/2025 | 02:00


Exemplar macho da espécie Cryptolestes obesus | Foto: Reprodução/EntomoBrasilis

Pela primeira vez, um espécime macho do besouro Cryptolestes obesus foi descrito no Brasil. Pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), em Manaus, realizaram a descoberta durante uma visita para a identificação de espécies localizadas no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). O relato foi publicado na revista EntomoBrasilis nesta quinta (27).

Leandro Zeballos, autor da pesquisa, relata a satisfação com a descoberta. “É sempre uma expectativa muito grande visitar esse tipo de museu para analisar suas coleções, porque encontramos materiais de muitos locais — não só da região, mas do Brasil e fora, provenientes da coleta de muitos pesquisadores famosos que dedicaram suas vidas a trabalhar com isso.”

O espécime descrito é parte da coleção de Fritz Plaumann, imigrante alemão que dedicou décadas ao trabalho em Entomologia. Com apenas 1,4 mm de comprimento e 0,56 mm de largura, o besouro vive embaixo de cascas de árvore — o que dificulta muito sua identificação e coleta.

A espécie Cryptolestes obesus foi inicialmente descrita em 2002 na revista Insecta Mundi, pelo pesquisador Michael C. Thomas, com base em um espécime fêmea de Rondônia. Espécies do gênero Cryptolestes costumam ser descritas com base no macho. Thomas, porém, considerou as características do espécime fêmea distintivas o suficiente para classificar a nova espécie, presumindo uma associação relativamente fácil ao macho, quando encontrado.

Mais de 20 anos depois, Leandro Zeballos e Matheus Bento, responsáveis pelo “casamento”, dão razão a “Thomas estava certo ao hipotetizar uma fácil associação ao macho nesta espécie, já que suas características diagnósticas não se baseiam em traços sexuais primários ou secundários [como genitálias ou chifres, respectivamente]”, relataram no novo artigo. 

Tanto o macho quanto a fêmea da espécie apresentam um corpo mais largo, robusto, com a linha secundária bilateral completa no protórax, onde se conecta a cabeça — características distintivas de outras espécies do gênero. Discerni-los é importante para evitar erros taxonômicos: “Esta associação do macho com a fêmea impede que um taxonomista menos experiente com esta família de besouro encontre e descreva o macho como uma espécie nova, o que facilmente acontece nos estudos com besouros”, explica Zeballos.

O autor afirma que os próximos passos envolvem delimitar as características do gênero que ainda não são totalmente conhecidas: “Queremos desvendar o que diferencia o Cryptolestes de gêneros parecidos, e reconstruir uma árvore filogenética para entender as relações de parentesco entre os mais de 40 gêneros da família Laemophloeidae.”


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