Sargaço é um tipo de macroalga parda, que ocorre naturalmente no “Mar dos Sargaços”, próximo do Golfo do México e da Flórida
Após 10 anos, um evento extremo se repete na costa amazônica. Não foi uma nova seca ou nem cheia extrema, como em anos anteriores, mas uma invasão alienígena: uma chegada massiva às praias de Sargassum – um tipo de macroalga parda, que ocorre naturalmente no “Mar dos Sargaços”, próximo do Golfo do México e da Flórida. Esse organismo foi reportado pela primeira vez por Cristóvão Colombo, em sua pioneira viagem às Américas.
A primeira vez que os cientistas notaram que essas algas estavam sendo registradas longe do local original, inclusive no Brasil, foi em 2011. As pesquisas logo mostraram que o material vinha de uma nova origem, um “Novo Mar dos Sargaços“.
Em pequena quantidade, as algas não geram problemas significativos. As chegadas massivas (arribadas), porém, podem liberar gases tóxicos e malcheirosos em sua degradação (como sulfeto de hidrogênio, amônia e metano), afetando a qualidade do ar e da água, com o potencial aumento da acidificação e redução do oxigênio dissolvido, afetando peixes, corais e algas nativas. Além disso, metais tóxicos, como o arsênio, já foram registrados em grandes concentrações nesses organismos.
O temor é isso virar um “novo normal”. No Caribe a ocorrência do sargaço está gerando prejuízos bilionários para o turismo, por causa dos gastos com a limpeza das praias — que podem chegar a mais de US$ 1 milhão por quilômetro — , e cancelamentos de reservas, o que se notou até oito meses após os eventos. Já no Brasil, as chegadas nas praias ocorrem com uma frequência menor, porém sem um sistema de predição eficiente.
O Sargassum pelágico (aquele que flutua) foi confirmado no país apenas em 2014 e 2015, em Salinópolis (PA) e no arquipélago de Fernando de Noronha, e em 2021 no litoral do Maranhão e em Pernambuco. Não há, até o momento, outros registros oficiais dessas espécies invasoras, apesar de relatos de outros sargaços serem comuns, o que sugere uma fragilidade de monitoramento.
Além disso, o Brasil ainda não possui estimativas oficiais para os custos com limpeza e perdas turísticas. E o impacto para pescadores artesanais, que sofrem com as redes entupidas e danificadas pelas algas (o que reduz a captura de peixes), ainda são pouco estudados.
Existem mais de 300 espécies de Sargassum no mundo (fora outras popularmente chamadas de “sargaços”), sendo a maior parte bentônicas —vivendo associadas ao fundo do mar. Porém, as duas espécies que ocorrem no Mar dos Sargaços (S. natans e S. fluitans) são as únicas flutuantes sendo estas as causadoras dessas grandes arribadas, essas invasões exacerbadas.
Os motivos da grande proliferação das massas flutuantes no Atlântico envolvem uma soma de fatores, como o aquecimento das águas superficiais do oceano, mudanças em correntes marítimas, aumento na quantidade de nutrientes trazidos dos continentes e até mesmo de tempestades de areia de origem subsaariana. Essas causas são incontroláveis, fazendo com que o problema do sargaço pelágico seja internacional e um dos mais complexos da oceanografia atual.
Apesar da falta de dados e desinformação na mídia sobre o assunto nos eventos anteriores, pesquisas vêm sendo desenvolvidas por universidades brasileiras, como a USP e a UFPA, com parcerias nacionais e internacionais para o aumento da preparação local para as arribadas de Sargassum na Amazônia.
Precisamos nos preparar para eventos futuros, que lamentavelmente tendem a ocorrer, e antecipar as soluções para estes impactos negativos – talvez até os transformando em oportunidades. Com um monitoramento via satélite e drones para estimar os volumes, alertando e comunicando a população local, estas algas poderão ser em breve usadas de forma segura na construção civil agregando em adobe, tijolos, cimentos ou paineis.
(*) José Eduardo Martinelli Filho é professor associado no Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, com experiência na área de Oceanografia Biológica, Ecologia Aquática, Ciências Ambientais e Impactos ambientais; João Adriano Rossignolo é professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA-USP e Leonardo Capeleto de Andrade é pesquisador na área ambiental, atuando em temas de qualidade ambiental, poluição e divulgação científica
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