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Negligência é a principal violência sofrida por crianças, e pai e mãe são os maiores agressores, mostra pesquisa

A violência sexual é a mais comum contra crianças de 2 a 5 anos, cometida por conhecidos na casa da vítima


Agência Bori | 09/03/2025 | 08:30


Crianças sofrem diversos tipos de violência, entre elas a negligência paterna | Foto: Jonathan Borba/Pexels

Quase 39 mil casos de violência contra crianças foram notificados por serviços de saúde em 2022, com 88,3% dos casos ocorridos nas residências e a mãe sendo sua principal autora (51,7%). A maior parte das vítimas tem entre 2 e 5 anos (39,4%) e a violência sexual praticada por conhecidos é a mais comum nesta faixa etária.

Crianças de 6 a 9 anos, o segundo grupo mais afetado (30,5%), sofrem principalmente com violências física (como castigo físico) e psicológica (como ameaças), praticadas pelo padrasto ou conhecidos, com o uso de objetos cortantes ou contundentes, seja escola ou em lugares públicos. Já crianças de até 1 ano são vítimas, principalmente, de negligência materna e paterna, e se ferem com objetos quentes.

Os resultados foram publicados na revista Ciência & Saúde Coletiva, nesta sexta (28), e é fruto de análise de pesquisadores da UFMG. Foram considerados dados de 2022 do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que engloba registros de serviços de saúde —ou seja, restritos aos casos que efetivamente chegam a eles.

Mais da metade dos casos (55%) foram contra meninas. O tipo de violência mais comum foi a negligência (50,7%), seguida por violência física (23%) e psicológica (14,5%). O uso de força física apareceu em um quinto (21,1%) dos casos, e foi seguido por ameaças (7,7%). 

A mãe, identificada como a principal autora dos abusos em pouco mais da metade dos casos, é seguida do pai (40%), de conhecidos (8,5%) e de padrastos (6,2%). Em 10,6% dos registros, foi constatado o consumo de álcool como agravante.

A pesquisadora Deborah Malta diz que há consequências negativas da violência para o desenvolvimento físico e psicológico das crianças, e afirma que a complexidade da questão se dá justamente pelo fato de os pais serem os principais autores. “Os que deveriam proteger são os perpetradores da violência, o que aumenta a vulnerabilidade da criança.”

Ela ressalta que o ciclo de violência tende a se repetir: “Mulheres que enfrentam violência doméstica por parte dos companheiros frequentemente foram vítimas de violência em suas famílias de origem, e estão mais propensas a reproduzir essas práticas com seus filhos.”

Quanto à violência sexual contra crianças de 2 a 5 anos, “É inaceitável e precisamos agir, com políticas de proteção às vítimas e punição aos perpetradores. Educação em saúde, enfrentamento das desigualdades sociais e da pobreza, além de busca da equidade de gênero são necessárias”, conclui Malta.


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