Saúde

Armadilha que une bactérias e larvas maceradas ajuda a combater o Aedes aegypti, mostra estudo

Aparato também funciona para capturar ovos de Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum


Agência Bori | 11/02/2025 | 08:00


Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue | Foto: Pixabay

Pesquisadores do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) em colaboração com a Universidade da Califórnia em Davis desenvolveram uma nova estratégia para o controle de mosquitos Aedes aegypti, vetor de doenças como a dengue, e Culex quinquefasciatus (também conhecidos como pernilongo ou muriçoca).

Eles desenvolveram uma armadilha com uma “isca” feita de extrato larval de Aedes aegypti combinado com um larvicida biológico. Artigo publicado na revista “Anais da Academia Brasileira de Ciências” na última sexta (7) mostra que essa união aumenta significativamente a captura de ovos dos mosquitos.

A pesquisa avaliou a eficácia de extratos larvais, associados a uma variante (israelensis) do larvicida biológico Bacillus thuringiensis (Bti), como isca para atrair mosquitos à armadilha Double BR-OVT, já utilizada comercialmente para o combate dos mosquitos. Para preparar o extrato, larvas de quarto estágio foram coletadas, lavadas e maceradas em água destilada. O extrato foi então filtrado e usado nas armadilhas, tanto na forma in natura quanto liofilizada (em pó). Para evitar que as armadilhas se tornassem criadouros, também foi utilizado um larvicida.

Testes realizados em Recife, no campus da Universidade Federal de Pernambuco, mostraram que as armadilhas tratadas com extrato larval, com ou sem o larvicida biológico, coletaram mais ovos do que as armadilhas controle. No laboratório, elas reuniram cerca de 70% dos ovos, mais que o dobro da armadilha convencional.

Em campo, elas coletaram pouco mais de 60% dos ovos de Aedes e até 70% dos ovos de Culex. “Isso ocorre porque os extratos fornecem sinais voláteis e gustativos que tornam o local mais atrativo para oviposição”, explica Gabriel Faierstein, pesquisador visitante do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) e um dos autores do artigo.

O pesquisador detalha que sinais químicos são a principal forma de comunicação ente os insetos, ajudando as fêmeas a identificarem locais potencialmente favoráveis para o desenvolvimento de larvas. “Como o extrato é produzido a partir de larvas, nossa hipótese é que seus compostos sinalizam a presença de larvas em estágios avançados, o que pode indicar um local propício para a oviposição”, acrescenta.

A utilização de iscas com extrato larval e Bti em armadilhas pode reduzir a necessidade de inseticidas químicos, que podem ter impacto negativo no ambiente e na saúde humana, além de auxiliar na coleta de amostras de mosquitos infectados com arbovírus.

A técnica pode ser adotada em programas de controle de vetores e vigilância epidemiológica, ajudando a proteger a população de doenças como dengue, chikungunya e zika. “Esses resultados destacam a importância de compreender a ecologia dos mosquitos para o desenvolvimento de estratégias que auxiliem no controle integrado, sendo seguras para humanos, plantas e animais”, analisa Faierstein.

A pesquisa também expande o conhecimento sobre o comportamento de oviposição dos mosquitos. Os resultados indicam que as fêmeas de Aedes e Culex são estimuladas por sinais químicos presentes nos extratos larvais, e que essa atração não é afetada pela presença de Bti. A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de atrativos sintéticos baseados em compostos dos extratos larvais, facilitando a aplicação em larga escala.

O grupo de pesquisa continua investigando a composição química dos extratos larvais e desenvolvendo formulações para a aplicação prática e liberação controlada dos atrativos.

“Apresentamos uma alternativa inovadora e eficaz para o controle integrado de mosquitos. Nosso objetivo é aprimorar a eficácia das armadilhas e aprofundar o conhecimento sobre as substâncias que influenciam o comportamento de oviposição dos mosquitos”, conclui o pesquisador.


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