Apaixonado por Carnaval, palmeirense ardoroso, um encantado pela natureza e por sua terra, Batatais. Impossível começar a falar de Rômulo Bruno Trevisani sem antes citar as peculiaridades de sua personalidade tão marcante.

O empresário, que tinha 60 anos e estava desaparecido desde a manhã da última sexta-feira (19), segundo a Polícia Militar de Batatais, foi encontrado morto, por volta das 17h desta segunda-feira (22), na zona rural de Batatais.

Rômulo se definia como joalheiro. Era essa a sua profissão, arte e comércio com os quais trabalhou a maior parte de sua vida.

Mas a paixão que o tornou conhecido na cidade e na região foi a que nutria pelo Carnaval. O apreço pela arte carnavalesca e sua dedicação à escola de samba Castelo eram tão grandes que lhe renderam inclusive um novo “nome e sobrenome”, fazendo dele o “Rominho da Castelo”.

Fez dele também um grande carnavalesco, primoroso compositor de sambas de enredo antológicos, um brilhante entendedor de quesitos como harmonia, bateria e tantos outros segmentos que fazem parte de um desfile carnavalesco.

Foi essa mesma paixão que fez com que um de seus passeios preferidos fosse assistir in loco os desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro.

Há cerca de 12 anos, depois de “entregar” pronta sua Castelo para o desfile no sambódromo de Batatais, ele partia rumo à Marquês de Sapucaí para prestigiar o melhor espetáculo da Terra, acompanhado de sua família e amigos.

Em entrevista concedida ao jornal Comércio da Franca em fevereiro de 2016, Rominho contou um pouco de como começou seu encantamento pelo Carnaval.

“Nos anos 70, quando voltava para Batatais, depois de alguns anos de Seminário Claretiano, encontrei uma cidade envolvida com o Carnaval de rua. Nesta época tinha aqui uma pessoa em especial que comandava e dava as cartas da folia local: Magda Stella, uma prima querida. Por tocar violão, compor canções religiosas desde muito cedo, fez com que eu me aproximasse da escola de samba desta prima ou melhor, da família dela, a família Stella. Exatamente aí começou esta minha paixão pelo Carnaval”, disse.

Ele citou ainda que a prima “exigiu” que ele compusesse o samba de enredo daquele ano, 1978, e também o incumbiu da responsabilidade de construir as alegorias. “Ganhamos alguns campeonatos, se não me engano foram quatro”, disse ele.

Ainda segundo contava o próprio Rominho, em 1984, com a escola Stella deixando de desfilar, ele foi convidado a integrar a escola de samba Castelo, onde entrou para nunca mais sair.

“São 34 anos de muitas alegrias, muitos títulos, muitos campeonatos”, repetiu ele em entrevistas neste Carnaval de 2018.

Carnaval à parte, Rominho era amante profundo da natureza. Suas horas de lazer eram ocupadas com o cultivo de plantas de diferentes espécies e a dedicação a aves de estimação, como cacatuas, araras e papagaios.

Também se dedicava com fervor à sua religião, era católico arraigado. Outro ponto que mexia positivamente com o seu humor era o seu time, o Palmeiras.

Rominho deixa a mulher, Maria Teresa Saltarelli Trevisani, 58, e dois filhos, Gustavo e Ana Lígia. Seu corpo será velado no velório São Vicente de Paulo, em Batatais, com horário a ser definido.

O caso será investigado pela Polícia Civil de Batatais. 

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Imagem de arquivo do programa Casa do Samba, da Difusora Batatais, mostra Rômulo durante o último desfile da Castelo, em fevereiro deste ano

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