Inédito mapeamento da produção e força de trabalho no agronegócio paulista, o Projeto Integrar é uma ferramenta vital para o desenvolvimento sustentável e eficiente do setor. Ele proporcionará uma visão clara e detalhada, essencial para a tomada de decisões estratégicas, atração de investimentos e aumento da competitividade. Iniciado em agosto, deverá, em até dois anos, apresentar uma radiografia do campo paulista, apontando tendências e expectativas para a melhoria da performance do setor agropecuário, além da força de trabalho.

Em primeiro lugar, o mapeamento irá proporcionar uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis. No Brasil, um país de dimensões continentais, a diversidade de climas e solos exige estratégias de cultivo e manejo diferenciadas. Em São Paulo, um dos estados mais produtivos do país, o mapeamento detalhado permite otimizar o uso da terra, água e insumos, aumentando a produtividade e reduzindo os custos. Com dados precisos, é possível planejar melhor as safras, antecipar necessidades de irrigação e adubação, e prevenir perdas por pragas e doenças.

Além disso, essa radiografia poderá ajudar a identificar gargalos na cadeia produtiva. Em São Paulo, que possui uma infraestrutura mais desenvolvida, o mapeamento pode revelar pontos de estrangulamento, como áreas com acesso limitado a estradas pavimentadas ou armazéns insuficientes. Com essas informações, é possível direcionar investimentos e políticas públicas para melhorar a logística e reduzir desperdícios, aumentando a eficiência e a competitividade do setor. Ou mesmo apontar áreas em que a conectividade, uma demanda que temos pleiteado junto ao governador Tarcísio de Freitas, pode ajudar a melhorar a performance das culturas, com a utilização de ferramentas tecnológicas para o plantio e colheita.

A tomada de decisão informada é outro benefício crucial do mapeamento. No Brasil, onde o agronegócio representa uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB), decisões baseadas em dados são essenciais para a estabilidade econômica. Já em São Paulo, um estado que se destaca pela diversificação de sua produção agropecuária, o mapeamento detalhado permite que produtores e autoridades tomem decisões estratégicas sobre o que plantar, quando plantar e como distribuir os produtos. Isso não só aumenta a lucratividade e garante a permanência do produtor no campo, mas também contribui para a segurança alimentar e o desenvolvimento rural.

São Paulo apresenta avanço na pesquisa e desenvolvimento em agronegócio e o Projeto Integrar permitirá identificar necessidades específicas e direcionar esforços de inovação para áreas com maior potencial de impacto. Permitindo a melhora da produtividade e a qualidade dos produtos, para fortalecer a posição do estado no mercado nacional e internacional.

Vale lembrar que esse é um trabalho que envolve não apenas a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Senar-SP, Sindicatos Rurais e produtores, mas age de forma transversal com várias entidades. O Programa Rotas Rurais, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que está fazendo o cadastramento rural digital, por exemplo, é uma ferramenta importante nesse projeto, já que agiliza o acesso às propriedades mais afastadas dos centros urbanos, muitas vezes com poucas informações disponíveis. 

Outra ferramenta é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que os produtores deram início ao processo há cerca de uma década e agora estão na fase de validação dos dados. As informações preliminares que estão no documento serão um ponto de partida para os pesquisadores que visitarão as cerca de 410 mil propriedades rurais em todo o estado. 

Devemos recordar que, no início do século passado, São Paulo cultivava basicamente café e cana-de-açúcar. A imigração teve papel vital na transformação dessa realidade, fazendo do nosso estado uma grande potência agropecuária, adaptando as culturas às regiões mais propícias ao seu melhor desempenho. Em 50 anos demos um passo definitivo para a valorização do homem do campo, colocando o setor como uma das locomotivas do desenvolvimento econômico. E a diversificação de culturas permitiu que nossa balança comercial atendesse a mercados em todos os continentes. 

Como a expectativa é ampliar ainda mais a participação do setor agropecuário na economia nacional, encaramos o Projeto Integrar como um grande desafio e uma ferramenta de impulsão do agro. Uma fotografia que depende de todos os envolvidos e será, certamente, referência para o nosso país.

(*) Tirso Meirelles é presidente da Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo)