Perda da virilidade é um sentimento que ainda persiste e doença é o segundo tipo mais comum de câncer em homens brasileiros
No caleidoscópio do calendário, em que cada mês representa uma ou mais cores, novembro é dedicado ao azul, o que significa o mês da conscientização sobre o câncer de próstata, o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A próstata é uma glândula que apenas homens possuem e que se localiza na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno, com formato de maçã, e que se situa logo abaixo da bexiga. Ainda segundo dados do Inca, no ano de 2023 foram estimados mais de 70 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil.
De acordo com o médico urologista Rodolfo Borges dos Reis, professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, os principais fatores de risco para o câncer de próstata são os genéticos. “Famílias em que o pai e o irmão têm câncer de próstata o risco aumenta em até cinco vezes.” Sobre quando iniciar os exames preventivos para o câncer de próstata, o médico afirma que a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é que “homens que não tenham histórico de câncer de próstata na família comecem sua avaliação aos 50 anos, já aqueles que possuem o histórico, devem começar em torno dos 45 anos”.
A avaliação para detectar o câncer precocemente pode ser feita através de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos. No caso do câncer de próstata, a detecção pode ser feita por meio do toque retal e do exame de sangue para avaliar a dosagem do antígeno prostático específico (PSA). Segundo Reis, “o PSA é um marcador específico para a próstata e não para o câncer de próstata, por isso é muito importante a avaliação de um urologista, porque o valor obtido tem que ser correlacionado a outras coisas, como o tamanho da próstata ou alguma doença, como o aumento benigno”.
Entre os sintomas do câncer de próstata que facilitam o diagnóstico precoce estão a dificuldade para urinar, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e sangue na urina.
Sobre os tratamentos, o professor explica que “para a doença localizada, os principais tratamentos são cirurgia e radioterapia e, atualmente, com a introdução da cirurgia robótica, os temores dos homens sobre incontinência urinária e impotência sexual reduziram muito”.
Efeitos psicológicos
Os temores dos homens quanto à incontinência urinária e impotência sexual mencionados pelo professor fazem parte da ideia hegemônica do que é a masculinidade, segundo o psicólogo Lucas Mascarim da Silva, mestrando em Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. “Nessa ideia do juízo moral, vemos também que há uma importante associação entre a ideia de fragilidade e vulnerabilidade, que vem com o diagnóstico de câncer de próstata, e com as expectativas sociais sobre os homens”, diz Silva. Ele afirma ainda que a sociedade realizou uma construção histórica sobre a figura masculina, reforçando os ideais de que os homens devem ser “invulneráveis, fortes, viris e provedores”, além de precisarem ser “homens de verdade”.O psicólogo diz ainda que “essas expectativas costumam ser impostas aos homens por eles mesmos ou por pessoas próximas, e acabam gerando uma necessidade de prová-las constantemente, seja pela demonstração de um corpo vigoroso e forte ou por outras formas de afirmar a própria masculinidade. Essa imposição de certas ideias do que é ser homem é o que nós chamamos de masculinidade hegemônica”.
Sobre a questão da masculinidade no tratamento de câncer de próstata, Silva diz que a sensação de “perda da masculinidade” se inicia com o recebimento do diagnóstico, pois eles têm que lidar com “a angústia dos rumos do tratamento e o medo de possíveis complicações, como a morte, além de ter de lidar com possíveis limitações físicas decorrentes de procedimentos necessários”. Ele diz ainda que a sensação de perder o status de provedor e de homem forte e viril pode gerar situações de sofrimento psíquico e até mesmo depressão, ansiedade e outros quadros de saúde mental.
Segundo o psicólogo, “é importante que haja o acompanhamento em saúde mental do homem que está vivendo com o câncer de próstata, para que ele seja capaz de ser sensível ao impacto das expectativas sobre as masculinidades nos processos de cuidado em saúde”. Esse cuidado que os pacientes necessitam, vindo de profissionais ou das famílias, pode ser “uma vivência difícil para um homem que viveu muito tempo de sua vida com a ideia de ser provedor ou de ter que ser forte e aguentar sozinho as dificuldades da vida”.
Sobre o Novembro Azul, Silva afirma ser um “ótimo momento para falarmos sobre as relações dos homens com os cuidados em saúde de forma geral, pois pode fortalecer a ideia de que homens podem e devem se cuidar”. Ele diz ainda que “não só os serviços e instituições de saúde devem desenvolver estratégias para acessar melhor os homens e prevenir agravos em saúde por conta dos impactos da masculinidade hegemônica, mas também os homens devem encontrar estratégias para se responsabilizar sobre os seus próprios cuidados”.
(*) Estagiária sob supervisão de Ferraz Jr e Gabriel Soares
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