Nacional

Relatório internacional pede mais precisão no monitoramento do aumento da temperatura global, limitado a 1,5ºC

Grupo de cientistas do clima pede por comprometimento de nações com metas climáticas mais ambiciosas para zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050


Agência Bori | 25/09/2024 | 02:30


Desmatamento da floresta amazônica e outros ecossistemas e produção de petróleo afastam Brasil de metas climáticas, segundo CCAG | Foto: Pixabay

As medições de temperatura global de longo prazo estão falhando em capturar a taxa crescente de aquecimento do planeta. É o que aponta relatório lançado nesta segunda (23), pelo Grupo Consultivo para a Crise Climática (CCAG). Segundo os especialistas, isso mascara a verdadeira extensão e riscos de aumentos ininterruptos da temperatura, que já causam efeitos em comunidades vulneráveis e países, incluindo o Brasil.

O documento vem à tona na Semana do Clima de Nova Iorque (EUA), maior evento global anual sobre mudanças climáticas. Ele faz parte de uma série de análises feitas de forma independente pelo CCAG e divulgadas à imprensa brasileira em primeira mão pela Bori. O grupo reúne 16 especialistas do clima de dez países diferentes, entre eles o Brasil, com a missão de impactar na tomada de decisão sobre a crise climática.

O trabalho pede uma maior precisão nos esforços de monitoramento para limitar o aumento das temperaturas globais em até 1,5ºC. Ele recomenda a ampliação das metas climáticas para incluir os níveis atmosféricos de gases de efeito estufa, que são indicadores críticos em “tempo real” das mudanças climáticas.

Essa avaliação é baseada na análise dos desafios únicos enfrentados pelo Brasil, Gana, Estados Unidos e Índia no contexto da transição energética e crise climática.

No caso brasileiro, o relatório aponta que o país está fora do caminho para a redução de emissões de gases de efeito estufa até 2030, por causa do desmatamento contínuo da floresta amazônica e de outros ecossistemas e do investimento na produção de petróleo. Sem uma ação rápida, segundo os especialistas, o mundo corre o risco de perder um escudo vital contra a crise climática.

Desde a eleição do presidente Lula para o terceiro mandato (2023-2026), o desmatamento na Amazônia foi parcialmente reduzido, mas as taxas aumentaram em outros biomas, como o Cerrado – o que, de acordo com o documento, é um lembrete de que danos continuam a ser causados. A floresta é um importante depósito natural que captura e absorve o carbono.

A produção de petróleo brasileira atinge 3 milhões de barris por dia, colocando o Brasil entre os dez maiores produtores mundiais. Assim, o petróleo acaba representando 44% do consumo total de energia do país – o que impõe desafios para a transição energética, em direção a fontes de energia sustentáveis.

“O Brasil está enfrentando o desafio de apoiar a sua economia e reduzir a pobreza”, avalia a pesquisadora Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), membro do CCAG. “Forças políticas relevantes estão defendendo o uso de mais receita de exploração de petróleo para fazer isso, ao mesmo tempo que financiam investimentos em energia renovável – mas isso é claramente insustentável”, pontua.

Bustamante comenta que, assim como outros países, o Brasil enfrenta uma crise de custo de vida e deve equilibrar as pressões econômicas e políticas de curto prazo com metas climáticas de longo prazo. “Dada a importância crítica das vastas florestas tropicais do Brasil para a estabilidade climática, é imperativo que o Norte Global forneça suporte eficaz para suavizar o caminho para um futuro sustentável”.

“A trajetória atual de aumento da temperatura global está jogando a humanidade em direção ao desastre”, destaca David King, líder do CCAG. Esse relatório, no entanto, mostra que ainda há o que ser feito para que isso seja evitado.

Nesta linha, o relatório do CCAG traz quatro recomendações para reverter a trajetória climática atual: promover a equidade global por meio de finanças, liderança e colaboração; desvincular o bem-estar do consumo de combustíveis fósseis; acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis; e proteger a biodiversidade e as comunidades indígenas, parte crítica da resposta climática global para limitar os aumentos de temperatura. “Um futuro seguro para a humanidade ainda está ao nosso alcance, mas somente se todas as nações tomarem medidas urgentes”, finaliza King.


COMENTÁRIOS

Mais Lidas no mês


Batatais

Aposentados, servidores públicos, advogados: Veja o perfil dos candidatos à Câmara de Batatais

Cidade tem 171 candidatos concorrendo ao cargo de vereador, após a desistência de 2

Batatais

Saiba quem são os 171 candidatos à Câmara de Batatais

No domingo, eleitores decidirão os 15 nomes que irão compor o Legislativo entre 2025 e 2028

Gente

Morre Adir do Carmo Leonel, um dos maiores pecuaristas do país e benemérito da Apae

Apesar de ter enfrentado um câncer por um ano, seguiu até os últimos meses ministrando aulas e cursos

Batatais

Saiba como consultar o seu local de votação em Batatais

É possível verificar a informação por meio do e-Título, da internet e do telefone 148

Mais sobre Nacional

Nacional

Alianças familiares, vingança de sangue e política eleitoral no sertão nordestino

Estudo de quase duas décadas contesta a ideia de coronelismo, de mando exclusivista, ainda predominante na literatura sociológica

Nacional

Relatório internacional pede mais precisão no monitoramento do aumento da temperatura global, limitado a 1,5ºC

Grupo de cientistas do clima pede por comprometimento de nações com metas climáticas mais ambiciosas para zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050

Nacional

Anatel determina medidas de combate a fraudes e golpes telefônicos

Prestadoras deverão realizar novas etapas de verificação das chamadas

Nacional

Mortalidade de idosos por desnutrição diminui em duas décadas, mas permanece elevada

Entre 2000 e 2021, mais de 93 mil idosos morreram por desnutrição proteico-calórica no país



Copyright © 2024 - BATATAIS 24h | Todos os direitos reservados.


É proibida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo em qualquer meio de comunicação sem prévia autorização.



Byte Livre