Opinião

Opinião: Até quando a cidade vai perder serviços?

Imbroglio envolvendo a Ciretran se soma às perdas de serviços e órgãos importantes, como a Seccional de polícia e o IML


Marcelo Toledo, colunista* | 05/07/2018 | 21:43


'É olhando o passado e vendo o presente que temos de agir se quisermos um futuro melhor' | Foto: B24h

Não sei como é a dor da morte. Quando chegar meu dia saberei, mas o rito normal da vida indica que a gente vai acabando aos poucos, para enfim chegar ao descanso eterno.

O ciclo da vida humana deveria ser totalmente o oposto do que ocorre com a vida de uma cidade. Somos finitos e ela, infinita. Em sua existência, ela vai crescendo aos poucos, se solidificando, ficando cada vez mais viva e forte.

Mas parece que Batatais tem optado pelo caminho inverso. De rica no passado para a perda gradativa de serviços conforme cresce.

Os mais antigos –ou nem tanto, como eu– hão de se lembrar de fábricas que cogitaram se instalar em Batatais em locais como hoje está situado o bairro Cana Verde, e em outros, e que nunca saíram do campo das ideias.

Se lembrarão também que esta cidade já teve uma delegacia seccional, que hoje está em Sertãozinho e é responsável pela Polícia Civil em dez municípios. Ela foi embora oficialmente em 18 de fevereiro de 1999, quando o então governador Mário Covas (1930-2001) assinou decreto extinguindo-a.

Com ela, foram embora a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), o IC (Instituto de Criminalística) e o IML (Instituto Médico Legal).

Os transtornos, óbvios, passaram pela precariedade nas investigações com a perda de policiais, mas não foram só. Quem perdeu um amigo ou familiar e o corpo precisou ser levado para o IML de Franca sabe dos transtornos que isso ocasiona.

A cidade também já “teve” uma imponente Casa da Cultura, fechada desde a década passada e que hoje vive seu abandono. Uso “teve” entre aspas mesmo, pois de fato ela nunca foi da cidade. Desapropriado na primeira gestão de Geraldo Marinheiro (1925-1993), ainda nos anos 80, o prédio foi alvo de uma discussão judicial que se arrastou até a década passada, quando a Justiça decidiu que Batatais teria de pagar precatórios que superavam R$ 8 milhões aos herdeiros do imóvel.

Agora, o entrave da vez é a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito), que temporariamente oferece a maior parte dos serviços em Brodowski e que já foi alvo até de audiência pública na Câmara –na qual prefeito e vice não compareceram.

O que há em comum nos episódios envolvendo Seccional (década de 1990), Casa da Cultura (anos 2000) e Ciretran (atualmente)? O prefeito era José Luís Romagnoli (PSD).

Por mais que os fatos envolvam organismos governamentais (ou judiciais) e a solução não dependa exclusivamente do poder público municipal, a cidade poderia ter brigado para manter a Seccional.

Também não seria difícil ficar com a Casa da Cultura. Os herdeiros fizeram até a proposta de doarem o prédio ao município se os precatórios fossem pagos em dia. Não foram.

Menos difícil é manter todos os serviços de trânsito à população.

Os obstáculos, porém, vão além desses três pontos citados. Neste ano, um grande amigo, irmão que a vida me deu, precisou passar por uma perícia do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) devido à doença que tinha. Teve de ir para Franca.

Outro, que sofreu fratura na perna, também precisou se deslocar. Não é preciso pensar muito para se concluir o tanto de inconvenientes causados.

Fora o histórico envolvendo o turismo, que já tratei neste espaço, e o risco de a cidade perder o título de estância turística.

Diz o ditado popular que quem vive de passado é museu. Mas é olhando o passado e vendo o presente que temos de agir se quisermos um futuro melhor. É preciso gestão. Antes que a vida de Batatais seja como as nossas. Finitas.

(*) Marcelo Toledo é jornalista da Folha de S.Paulo.


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