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Opinião: Nascida da ousadia, Educadora chega aos 40 anos

Emissora de rádio, a primeira FM instalada em Batatais, é ‘mãe’ da TV que surgiu nos anos 90


Marcelo Toledo, colunista* | 08/08/2018 | 13:33


O empresário Carlos Henrique Cândido Alves, que fundou a rádio Educadora em 1978 e a TV 12 anos depois | Foto: Reprodução

É preciso se preocupar em mostrar os moradores. São eles que vão querer se ver na TV, são o nosso foco.

Com palavras assim, o empresário Carlos Henrique Cândido Alves (1949-2003) definia o seu objetivo com a TV Educadora, implantada em 1990 e que era a consolidação de um projeto de comunicação iniciado 12 anos antes e que na última semana completou 40 anos: a rádio Educadora FM.

Inaugurada em 2 de agosto de 1978, a emissora surgiu em meio a um período da chamada lenta e gradual abertura do regime militar que comandava o país desde 1964 e que tinha no cargo, então, Ernesto Geisel (1907-1996).

A solenidade naquele inverno de 78 contou com participação do ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira (1919-2013), o que por si só indicava a importância do ato que ali ocorria.

De fato, já que o seu surgimento ocorreu somente dez anos após entrar no ar a primeira FM do país, a Tropical de Manaus (AM), e 9 depois da primeira FM estéreo, a Del Rey, de Belo Horizonte (MG).

Foi, portanto, uma das primeiras FMs do interior do país e, hoje, é uma das 669 emissoras de rádio sob concessão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em São Paulo.

Nunca foi marcada por ser uma emissora “combativa” –no sentido de produzir conteúdo jornalístico–, sempre priorizou e dedicou sua grade de programação à música.

E aí criou programas marcantes em sua trajetória, como o Educadora Arquivo nos finais de tarde, comandado pelo próprio Carlos Henrique, que, fumante inveterado, se preocupava em cuidar da garganta e manter a característica voz grave e pausada no ar.

Ou ainda o Educadora Música do Campo, abrindo espaço para o sertanejo. Não deixou de ser uma ousadia, pois especialmente na década de 1980 as FMs focavam principalmente o rock nacional, então em ebulição, e a cena internacional.

A priorização à música fazia sentido especialmente se analisado o que inicialmente era a intenção do fundador da emissora. O objetivo de Carlos Henrique era conseguir concessão de uma rádio AM, mas como a Difusora Batatais já estava estabelecida na cidade desde 1947, ele não conseguiu a implantação de uma segunda emissora do gênero. E, historicamente, o AM sempre foi um meio mais comunicativo, enquanto o FM, até pela qualidade de transmissão, se dedicava à música.

Aliás, parte da equipe dos primeiros anos da Educadora é proveniente da Difusora, que foi e é uma escola radiofônica no município. Além de Carlos Henrique, profissionais que até hoje atuam na emissora, como José Aparecido Tonetti e Dirceu Garcia, iniciaram a carreira na emissora AM.

SEGUNDO PASSO

Mas a inquietude do empresário falava mais alto e a combatividade ausente do rádio não foi deixada de lado. Só foi transportada para outro meio, o televisivo.

Formado em letras na Barão de Mauá, em Ribeirão, Carlos Henrique resolveu investir numa emissora de TV e obteve concessão para operar uma retransmissora da então TVE do Rio de Janeiro. Em janeiro de 1990 estreava oficialmente a TV Educadora, atualmente já com seus 28 anos.

E aí as histórias se cruzam de vez. Impossível dissociar um meio de comunicação do outro, até pelo fato de os primeiros anos da TV terem sido marcados pela sinergia entre as equipes.

Assim surgiram transmissões de jogos da Copa 14 de Março e do Troféu Piratininga de Futsal, do Carnaval e de jogos do Batatais, dentro e fora da cidade –além de programas no estúdio, como o “Nosso Gordo Onze e Meia”, apresentado por Valdir Massarão.

Foi com esse idealismo que apareceram clássicos da cultura pop local à época, como o filme “O Mandioqueiro” ou a série “O Fantasma do Laranjal”, que levaram para a TV pessoas da comunidade, como o ex-guarda noturno Luís Barreto e o empresário Waldemar Hannauer.

Após a prematura morte do seu fundador, o principal legado que ficou foi o da sua ousadia e persistência. Portanto, ousem. Essa chama de inquietude e empreendedorismo que marcaram o nascimento da emissora não pode se perder. Nem hoje nem nos próximos 40 anos.

 

(*) Marcelo Toledo é jornalista da Folha de S.Paulo


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