Domingo, 8h. Fernando Oliveira, 61, já tomou seu café matinal, caminhou pelas ruas centrais de Batatais e “bateu ponto” em um dos seus lugares preferidos no período que antecede a Copa do Mundo: a praça em frente ao estádio Oswaldo Scatena.

O objetivo central é trocar figurinhas repetidas por outras que o ajudem a completar seu álbum da Copa do Mundo da Rússia. O bônus: “distração, entrosamento, fazer amizades novas, ver o movimento”, lista ele.

Assim como ele, outras centenas de batataenses –de todas as idades-, têm a mesma rotina às vésperas do mundial. A banca de revistas e jornais que comercializa álbuns e figurinhas está cravada em um dos cantos da praça e é um dos chamarizes, mas é a diversão proporcionada pelo troca-troca de figurinhas enquanto se espera o campeonato que tem feito do local o principal ponto de encontro de torcedores.

Ao lado de Fernando, está seu irmão, Carlos Alberto de Oliveira, 64. Os dois –tio-avô e avô de outros dois colecionadores, Miguel, 8, e Otávio, 5– são os “capitães” das montagens dos álbuns da família Oliveira.

No time, estão também os pais dos garotos, Ana Flávia, 37, e Raifer, 39, que entram na onda principalmente como “patrocinadores”.

“Estimo que se gaste uns R$ 500, em média, para completar o álbum”, disse Ana Flávia.

E ela parece estar certa. A árdua e divertida tarefa de completar o álbum exige, além de dedicação, um investimento significativo. Para concluir o livro, é preciso reunir 682 figurinhas dos jogadores das 32 seleções da Copa.

Cada time tem cromos de uma foto da equipe reunida, de 18 atletas e do emblema da confederação de futebol do país.

O preço do álbum tradicional e o mais vendido é R$ 7,90, mas há uma edição especial de capa dura que custa R$ 25,90. Cada pacote com cinco figurinhas é vendido por R$ 2.

Sem trocar cromos, o colecionador desembolsa quase R$ 2.000, segundo estatísticas dos mais experientes na “arte”. Mas quem entra no jogo de trocas gasta bem menos, realmente em torno dos R$ 500 estimados por Ana Flávia.

Se alguém tivesse a sorte improvável –para não dizer impossível- de jamais encontrar uma figurinha repetida em um pacote, gastaria R$ 274 para completar a coleção, além dos R$ 7,90 do próprio álbum.

Em outra ponta da mesma praça está o casal Carlos Roberto Alves Passos Júnior e Cláudia Torres Rocha que, unido, está na saga de concluir dois álbuns.

Assis Júnior é habitué da prática e chega cedo aos domingos com uma meta bem clara: não repetir a “desventura” da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, quando não conseguiu encontrar a “bendita” figurinha do goleiro da Coreia do Sul, Jung Sung-Ryong, e, até hoje, olha com um misto de orgulho e lamento para o seu álbum da época. “Um desaforo”, comenta, às gargalhadas.

Cláudia, por sua vez, não passará pelo mesmo problema. Contagiada pela empolgação do marido, colecionador de muitas copas, ela tratou logo de comprar um álbum para si e estreou a prática –com sucesso, diga-se de passagem.

Dedicada, a 28 dias da estreia do Brasil na Copa do Mundo da Rússia já logrou êxito em sua corrida para completar o álbum.

COPA 2018

O primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo da Rússia será no dia 17 de junho, às 15h, contra a Suíça.

A cerimônia de abertura do mundial será em 14 de junho, a partir das 9h. Agora, é só torcer.