Um dia para não ser esquecido por Batatais. Assim pode ser resumido este domingo (31), quando nove bombeiros civis moradores da cidade morreram soterrados na gruta Duas Bocas, em Altinópolis, onde estavam para um treinamento.

As fortes chuvas que atingiram a região no final de semana provocaram o desabamento do teto da gruta por volta da 1h, atingindo o local em que os batataenses dormiam.

Às 3h, a Defesa Civil de Altinópolis foi acionada para atender a ocorrência do desmoronamento na gruta, que fica numa propriedade particular. A prefeitura da cidade vizinha alega não ter sido informada das atividades que seriam desenvolvidas no local.

Morreram na tragédia os bombeiros civis Celso Galina Júnior, líder do grupo, Jennifer Caroline da Silva, Jonatas Ítalo Lopes, Natan de Souza Martins, Rodrigo Triffoni Calegari, Ana Carla Costa Rodrigues de Barros, José Cândido Messias da Silva, Débora Silva Ferreira e Elaine Cristina de Carvalho. Outro participante do treinamento, Wallace Ricardo da Silva, foi resgatado com vida e encaminhado ao hospital de Altinópolis.

As vítimas tinham entre 18 e 53 anos. 

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O primeiro corpo a ser resgatado pelas equipes de socorro foi o de Débora, que morreu aos 24 anos.

Também foi encontrado, já sem vida, o jovem Natan, que tinha apenas 18 anos. Ele nutria paixão por música, atuando como DJ em festas e eventos. Recentemente havia feito curso de mergulho subaquático em oceano, onde seu desempenho foi destacado.

Já Rodrigo Triffoni partiu aos 33 anos, depois de ter participação bastante ativa em diversas ocorrências de destaque em Batatais, principalmente relacionadas a incêndios.

Ana Carla era de Sales Oliveira e tinha 28 anos, mas “se tornou” batataense de coração desde quando passou a se relacionar com Celso Júnior, de 30 anos. Ele era Instrutor de Bombeiro Civil (comandante), delegado regional da Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras – Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

Jonatas, com 28 anos, trabalhava como caldeireiro em uma empresa de estruturas metálicas. Morreram ainda a jovem Jennifer, com 25 anos, e o casal de bombeiros civis Elaine, 52, e Cândido, 53.

Coincidentemente, parte do grupo participou, em outubro de 2020, de um curso especializado em Resgate em Locais de Difícil Acesso em Sales Oliveira.

Os últimos dois óbitos foram confirmados pelo Corpo de Bombeiros após as 19h deste domingo, dando fim às buscas que mobilizaram 75 homens da corporação, com 20 viaturas, além de equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), da Polícia Militar e da Prefeitura de Altinópolis.

O aparato envolvido se justificava, já que cada segundo contava muito no caso dos soterrados. Mas, ao mesmo tempo, o trabalho era marcado por uma angústia muito profunda de todos os envolvidos, pois as péssimas condições climáticas exigiam que o trabalho fosse lento e cuidadoso.

A remoção de cada pedra da gruta envolvia mais de uma dezena de homens do Corpo de Bombeiros, que escoraram o local para reduzir o risco de novos desabamentos, permitindo que o trabalho pudesse ser realizado.

A esperança era que o desabamento tivesse criado uma espécie de bolsão de ar, algo que permitisse aos soterrados respirar enquanto o socorro não chegasse. Infelizmente, isso não ocorreu.

Outros bombeiros civis de Batatais, que não estavam no treinamento, se deslocaram a Altinópolis para tentar, de alguma forma, ajudar, mas pouco puderam fazer para resgatar os companheiros de ofício.

A tragédia que abalou a pacata Batatais neste domingo só se equipara, em termos de comoção, à chacina ocorrida em 2002 no bairro Alvorada, que vitimou cinco pessoas da mesma família.

O velório dos corpos de seis das nove vítimas foi coletivo e ocorreu no ginásio de esportes Marinheirão.