"Infelizmente, por falta de equipamento, se tivéssemos os equipamentos, pelo tempo-resposta nosso, daqui da cidade, com certeza daria tempo sim (sobre salvar a vítima)". A afirmação foi feita pelo bombeiro civil Sidnei Flávio Martins, subcomandante do grupamento em Batatais, na manhã desta segunda-feira (23), em entrevista à rádio Difusora (ouça aqui).

Segundo ele, Guilherme Marcolino Gonçalves, 19, que morreu na tarde de domingo (22) na represa maior do Parque Náutico da Cachoeira de Batatais, poderia estar vivo se o socorro tivesse sido feito com equipamentos mais adequados –que só chegaram ao local com o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar vindo de Ribeirão Preto. O corpo da vítima foi encontrado após aproximadamente duas horas de buscas.

Um dos bombeiros civis estava próximo ao local, mas o único meio disponível para salvamento era o “mergulho por apneia”, sem cilindro de oxigênio ou outros recursos. “O Eduardo Ricci [um dos bombeiros civis], da hora em que foi acionado, ele chegou, vamos jogar muito, em cinco minutos, porque ele estava próximo ao local”, disse.

“Se ele pega, se tem o equipamento ali, mesmo (sendo) nós, com certeza, não dizendo 100%, mas a gente conseguiria ter tido um bom êxito. Inclusive, o próprio pessoal da Polícia Militar falou 'se vocês tivessem equipamento, com certeza vocês teriam feito alguma coisa para esse rapaz'”, completou (ouça aqui).

Testemunhas contaram à polícia que Gonçalves teria entrado na represa com o intuito de ajudar uma pessoa a desvirar um jet ski quebrado. Ele chegou a entrar segurando uma boia, mas se soltou da mesma e se afogou na tentativa de resgatá-la.

Os bombeiros -além do subcomandante Sidnei, também participaram da entrevista o comandante Anderson Silva e o bombeiro Eduardo Ricci- lembraram ainda que há placas proibindo banhistas no local onde Gonçalves se afogou, e citaram um exemplo demonstrando que muitas pessoas não dão a devida importância a isso: enquanto os socorristas trabalhavam no local, outra pessoa entrou na mesma represa. “A gente estava lá, os bombeiros fazendo o trabalho, e um cidadão totalmente alcoolizado foi e pulou justamente no rumo das comportas, alegando que a gente não estava fazendo nada e que ele ia entrar lá dentro para retirar a vítima. Aí fomos por terra e água de encontro a ele, senão era mais um.”

O Parque Náutico “Engenheiro Carlos Zamboni e Cachoeira dos Cayapós” é administrado pela Prefeitura de Batatais e consta, inclusive, entre os principais pontos turísticos listados pela própria Administração em suas publicações e site oficial.

Questionada no início da manhã sobre a assistência à família da vítima, a frequência do local, a fiscalização e regulamentação em relação ao banho e trânsito de veículos aquático na represa, entre outros pontos, a Prefeitura de Batatais não respondeu às perguntas até o horário desta publicação. Caso o faça, o texto será atualizado.

O corpo de Guilherme Marcolino Gonçalves foi velado no velório São Vicente de Paulo e enterrado às 14h no Cemitério da Saudade.

ATUALIZAÇÃO

Bombeiro evita falar em possibilidade de sobrevivência

Depois de ter afirmado, pela manhã, em entrevista a Difusora Batatais, sobre o socorro à vítima, que, caso o grupamento tivesse equipamentos de salvamento adequados à sua disposição, “daria tempo”, o subcomandante dos bombeiros civis disse que evita falar sobre possibilidade de sobrevivência. “Não foi minha intenção falar que o rapaz estaria vivo”, disse.

“Onde o Ricci desceu, foi onde foi encontrado o corpo do rapaz. Então, se tivéssemos o equipamento, o atendimento para ele seria muito mais rápido. Porém, nada nos garante que ele estaria com vida”, completou Martins. 

*Texto atualizado às 18h