Academias em pleno funcionamento, movimentação no centro comercial, filas em bancos, supermercado lotados, professores da rede municipal --incluindo os que se encaixam em grupos de alto risco-- em atividade. Era este o cenário de Batatais na tarde desta quinta-feira (19).

Bem diferente do comportamento adotado pelas principais cidades da região, pelo Estado e em nível Federal, por aqui o pacote de enfrentamento contra a disseminação do coronavírus ainda se restringe às medidas anunciadas pelo prefeito, José Luís Romagnoli, três dias atrás (veja aqui as principais).

Em uma live feita por meio da fanpage da prefeitura durante esta tarde (veja o vídeo mais abaixo), a secretária de Saúde, Luciana Nazar Arantes, destacou o comportamento inadequado dos batataenses durante a quarentena.

“Suspendemos as aulas, tem pessoas fazendo home office... Vocês não estão de férias, estão em isolamento social. Não é para as pessoas irem para os bares, para as lanchonetes, como temos visto o tempo todo acontecer”, disse.

Ela cita ainda que, contrariando as recomendações, há filas em bancos e supermercados.

Luciana, entretanto, não cogita, por ora, estender as restrições de frequência a mais ambientes de uso coletivo.

“Não precisamos fechar as academias. A sua academia tem condição de dar um ambiente saudável sem o vírus para você estar participando das atividades diárias. E se você achar que sua academia não está fazendo isso, não está fornecendo (álcool) gel, não está limpando os equipamentos com álcool gel, não está respeitando o limite de pessoas para que elas fiquem bem separadas, então você pode não ir”, afirmou a secretária.

Ela descartou também fechar temporariamente estabelecimentos comerciais. “Vocês viram que outras cidades estão fechando os seus comércios. Nós não vamos fechar o nosso comércio, neste momento não há a necessidade. Há a necessidade de que vocês regulem a quantidade de vezes que vocês estão indo para a rua”, disse.

REGIÃO TEM COMÉRCIO E ATÉ VELÓRIOS FECHADOS

Mesmo não havendo casos confirmados --a cidade mais próxima com paciente que testou positivo é São Carlos (142 km de Batatais)--, prefeituras da região implementaram medidas mais abrangentes contra o Covid-19. 

Cidades maiores, como Ribeirão Preto e Franca, e com populações menores, como Patrocínio Paulista mudaram suas rotinas de maneira mais enérgica.

Em Ribeirão Preto, o prefeito, Duarte Nogueira (PSDB), decretou situação de emergência pelo prazo de 180 dias. Ele convocou uma coletiva de imprensa (a terceira em quatro dias) para prestar esclarecimentos acerca da doença e endurecer regras.

Entre as medidas do novo decreto estão o fechamento do comércio, dos shoppings, clubes, clínicas de estética, casas e bares noturnos e até mesmo a restrição de horários para se velar corpos nos velórios.

Com exceção dos funcionários lotados nas pastas da Saúde, Segurança e Saneamento Básico, todos que têm mais de 60 anos, doenças respiratórias, hipertensão e outras, além de gestantes e lactantes passam a trabalhar em casa sob orientação da chefia.

A Prefeitura de Franca teve iniciativa parecida. Decretou situação de emergência em saúde pública e, a partir desta sexta-feira (20), estão suspensos, por exemplo, o funcionamento de templos religiosos, teatros, cinemas, estabelecimentos comerciais, shopping centers, galerias, academias, salão de festas, buffets, clubes, restaurantes e bares.

NÚMEROS

• Batatais tem cinco pacientes sob investigação para coronavírus. O quinto caso suspeito foi registrado nesta quinta (19). Quatro casos anteriores são de pessoas de uma mesma família, cujos testes foram colhidos na última segunda-feira (16). Há duas semanas, a cidade descartou o que foi o primeiro caso suspeito de coronavírus.
• Ribeirão Preto: 103 casos suspeitos à espera de resultados de exames para confirmar ou não a doença.
• Franca: 13 pacientes aguardam os exames.
• São Carlos (cidade a 140 km de Batatais): um caso confirmado.
• Brasil: secretarias estaduais de saúde contabilizam 647 casos confirmados. Último balanço oficial do Ministério da Saúde aponta 621. Já são sete mortos no país (cinco em SP e dois no RJ).

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