Opinião

Apocalipse social: distopia, política e relações humanas

Em artigo, escritora Ana Beatriz Brandão diz que povo que não lê e que não se informa é influenciável


Ana Beatriz Brandão*, especial para o B24h | 13/07/2019 | 13:02


A escritora Ana Beatriz Brandão, que aos 18 anos já publicou cinco livros | Foto: Divulgação

Como ávida leitora e expectadora de todas as artes que abordam distopias, falo com propriedade, esse gênero faz as pessoas refletirem sobre diversos aspectos da sociedade. São muitas lições aprendidas e que podem ser interiorizadas para o crescimento pessoal e, principalmente, que afeta as atitudes em grupo.

Separei algumas histórias distópicas e a mensagem que elas passam. Geralmente, são importantes alertas para ficarmos ligados e evitarmos o descontrole em massa das pessoas, um possível apocalipse social.

- Pai da distopia, George Orwell, com a obra "1984", faz uma perfeita alusão ao que passamos atualmente. Sim, não adianta negar, somos controlados pela tecnologia. Dificilmente hoje em dia alguém consegue dar um passo sem ser visto. O autor já avisava a sociedade lá em 1949 que a tecnologia poderia contribuir com governos totalitários e ações de controle de sociedade.

- A tecnologia se mostra cada vez mais como um motivo de apreensão para o caos social. Isso fica bastante claro em "Black Mirror". As pessoas se desesperam, entram em colapso e, muitas vezes, não tem habilidade para lidar com tanta facilidade e exposição. Como é mostrado na série, as relações com as máquinas devem ser bastante cuidadosas, pois realmente, de uma forma ou de outra, elas controlarão o mundo.

- O "Conto de Aia", de Margaret Atwood, representa um medo atual na sociedade, voltar ao “estado do clero”. Voltar à caça às bruxas. Imagine uma sociedade controlada por uma religião conservadora? A obra retrata a mulher como instrumento do governo ou de seus chefes de família, ou trabalha ou reproduz. Essa história mostra o perigo da religião não ser defendida como uma questão pessoal e interior, e caracterizá-la como um medidor de caráter.

- O povo que não lê, que não se informa, que não tem cultura, é um povo altamente influenciável. "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury, é exatamente sobre isso. Os livros foram proibidos e a informação é selecionada pelo governo. Esse é um alerta sobre ter apenas uma “curadoria” para artes, ou menos proibições, até daquilo que você acredita não ser cultura. Não importa. A cultura é de cada um e deve ser livre.

- Os recursos estão acabando, a alta sociedade está cada vez mais preocupada com a situação do meio ambiente e quer se precaver. Isso pode resultar em "Jogos Vorazes", Suzanne Collins. Uma parcela da sociedade tem o direito de viver bem, o restante será submundo. Uma realidade totalmente possível e mostra que já estamos atrasados na preservação dos recursos, e o fim não será outro. E para abrasileirar esse tópico, a série "3%" está colocando essa realidade em pauta também.

Caos, o apocalipse social parece cada vez mais eminente. Não vemos muitas saídas para o rumo que a sociedade está tomando. Cada vez mais vejo em cada canto do mundo um pouco das obras ameaçadoramente distópica.

Que a gente encontre nossa tribo, nosso lugar para lutar e chamar de lar.

 

(*) Ana Beatriz Brandão, 18, já publicou cinco livros a acompanha um filme baseado em seus best-sellers "O Garoto do Cachecol Vermelho" e "A Garota das Sapatilhas Brancas"


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