Quadrilha extraía ilegalmente pedras de quartzito na Serra da Canastra; no total, 73 mandados de prisão estão sendo cumpridos nesta quarta
A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta quarta-feira (20) uma operação para desmantelar uma organização criminosa que extraía ilegalmente pedras de quartzito do parque nacional da Serra da Canastra há vários anos.
Entre os 160 mandados –73 de prisão (20 preventivos e 53 temporários), 77 de busca e apreensão e 10 de apreensões de caminhões–, um foi cumprido em Batatais na manhã de hoje.
O nome do envolvido não foi revelado pela PF, que ainda não informou que tipo de mandado foi cumprido na cidade. Assim que isso ocorrer, o texto será atualizado.
Os presos serão encaminhados para o presídio de Passos (MG), ficando à disposição da Justiça Federal. Todos os envolvidos serão indiciados pelos crimes de organização criminosa, extração ilegal de minerais e danos ambientais decorrentes.
No total, os 160 mandados judiciais que estão sendo cumpridos foram expedidos pela Justiça Federal de Passos. Além de Batatais, os mandados estão sendo cumpridos nas cidades mineiras de Alpinópolis, Passos, Itaú de Minas, Carmo do Rio Claro, São João Batista do Glória, Piumhi e Belo Horizonte.
A Justiça ainda determinou a demolição de alojamentos clandestinos utilizados pelos extratores e a apreensão de todo o maquinário utilizado na exploração ilegal.
Segundo a PF informou ao Portal Batatais 24h, as investigações começaram há oito meses e apuraram que várias pessoas se associaram e passaram a retirar ilegalmente pedras de quartzito do Parque Nacional.
Depois de extraídas, as pedras eram transportadas para depósitos na região das cidades mineiras de Capitólio e Alpinópolis e, posteriormente, eram comercializadas para diversos Estados.
COMO A QUADRILHA AGIA
Os responsáveis pela extração ilegal foram divididos em grupos, ainda de acordo com a PF: extratores, negociadores, vigia, donos de depósitos e motoristas.
Entre os extratores, alguns exerciam a função de donos de bancos, que correspondem a uma pequena área onde o quartzito é retirado. Os donos de depósito encomendavam e adquiriam as pedras dos extratores, diretamente ou por meio dos negociadores, executando o beneficiamento do material para posterior comercialização.
Já os motoristas eram responsáveis pelo transporte clandestino das pedras extraídas na Serra da Canastra para os depósitos onde seriam beneficiadas. O vigia, além de trabalhar como negociador, recebia um percentual para permanecer durante todo o dia em local estratégico no Parque Nacional, avisando aos extratores e motoristas sobre qualquer ação de órgãos governamentais. Além disso, monitoravam a entrada e saída de veículos que adentrava no parque.
A Polícia Federal apresentou perícia que mostrava a imensa degradação ambiental causada pela extração ilegal, que, justamente por ser clandestina, não tinha plano de manejo. Despejava rejeitos em diversas áreas do parque, inclusive em leitos de rios e nascentes que formam a bacia do Rio Grande –que corta municípios próximos, como Rifaina e Miguelópolis.
Esses rejeitos, em época de chuvas, eram levados para o lago de Furnas, além de ficarem espalhados por diversas áreas da Canastra. Ao todo, foram identificados nove locais de extração, alguns com mais de dois quilômetros de extensão.
A extração era feita com o uso de explosivos, com posterior retirada manual por meio de ferramentas. Desse material, cerca de 85% eram rejeitos. Alguns dos envolvidos chegavam a atear fogo no parque para facilitar a extração ilegal.
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